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SUP em Aracaju


Remando num dos destinos menos conhecidos do litoral nordestino
SUP na Crôa do Goré, ilha formada por banco de areia na maré baixa do rio Vaza Barris

Apesar de ser uma capital, Aracaju se manteve relativamente isolada. Parece que os turistas preferem conhecer as praias dos estados vizinhos, Alagoas e Bahia, se esquecendo do pequeno estado de Sergipe. Os sergipanos acreditam que isso se deve à pequena quantidade de voos diretos para lá, disponibilizados pelas companhias aéreas, saindo de São Paulo ou Rio de Janeiro. Mas há quem diga que a culpa é da cor do mar. Enquanto os vizinhos têm águas cristalinas de tom azulado, em Aracaju a água é turva e sem cor.

A orla da Praia do Atalaia tem muitas atrações para praticantes de esporte

O estado de Sergipe não tem os recifes, que seguram a rebentação do mar em outros destinos. Então as ondas chegam até as praias, sacudindo a areia fina. Esse fenômeno deixa as águas “morenas e mornas, com tom perolado”, como dizem os locais. A água não é suja, muito pelo contrário. Ali o despejo de esgoto é bem mais controlado que em Maceió, por exemplo. Mas os turistas estranham, não tem jeito.

Fui parar em Aracaju por causa do trabalho. Fiquei uma semana fotografando a cidade e seus arredores para a revista de bordo da Azul Linhas Aéreas. E antes de sair de São Paulo pesquisei bons lugares para a pratica de Stand Up Paddle, imaginando que teria algumas tardes livres para remar.

Lagoa dos Tambaquis, nos arredores de Aracaju
Praia do Atalaia

A Praia do Atalaia, a única na cidade, tem ondas pequenas que são bem utilizadas pelos surfistas. Já para quem gosta de remar fazendo travessias, a praia não parece ser tão atrativa. É muito longa, sem grandes mudanças no visual de um ponto para o outro. E, de fato, não se vê muito gente remando por ali.

Praia do Atalaia, a única praia da cidade de Aracaju
Orla do Pôr do Sol

O principal ponto de encontro dos supeiros fica afastado do centro e da água do mar. A área é conhecida como Orla do Pôr do Sol. No meio da tarde os remadores começam a chegar. Tiram suas pranchas dos carros, descem a pequena escadaria de madeira até o leito do Rio Vaza Barris e começam o exercício. O ápice é mesmo o pôr do sol. Nesse horário a luz ganha um tom todo diferente e os supeiros aparecem de todos os lados, voltando de suas remadas. É bonito de ver.

A famosa Orla do Pôr do sol de Aracaju

Infelizmente não tive tempo para remar na Orla do Pôr do Sol. Tinha até pesquisado uma empresa que aluga pranchas ali: a SUP Amigos, a maior referencia do esporte no estado de Sergipe. Mas não consegui nem mesmo visitar as instalações, que contam até com um restaurante. Fica pra próxima.

Show de forró no barco de passeio, em Aracaju
Passeio de Catamarã

Mas não passei a viagem em branco, não. No dia que fui conhecer a Orla, fiz um passeio de barco, bem turístico, e consegui remar em uma das duas paradas do trajeto. Saímos justamente da Orla do Pôr do Sol, num catamarã a motor, com show de forró ao vivo. A primeira parada foi na Ilha dos Namorados, um imenso banco de areia na foz do rio. Ali a maré movimenta o leito do rio, formando lindos desenhos na areia, que ficam ainda mais bonitos vistos de cima. Consegui ótimas imagens com o drone.

Desenhos da maré nas areias da Ilha dos Namorados

A última parada foi em outro banco de areia, mais dentro do rio, chamado Crôa do Goré. Ali funciona um bar flutuante que montou uma estrutura na praia. São vários guarda-sóis de madeira e teto de palha alinhados simetricamente, como plantações eucalipto. A variação da maré faz com que, em determinados horários, a praia fique grande com os turistas curtindo a sombra dos guarda-sóis no seco e, em outros horários, fiquem submersos, só com as mesas e o teto de palha pra fora da água.

Nosso catamarã atracado na Ilha Crôa do Goré
Remando, finalmente

Cheguei numa hora de maré baixa e logo vi um pessoal alugando prancha de Stand Up Paddle. O barco ficaria parado por mais ou menos uma hora, dava pra curtir uma bela remada. As pranchas eram super ok. Não tinha nenhuma race, mas aí também já era pedir demais, né? Todas eram novas, de fibra e em ótimo estado. Cobraram 20 reais e poderia ficar o dia todo com ela.

O cara que aluga as pranchas de SUP percebeu que eu queria uma, antes mesmo do barco estacionar

Saí contornando a margem. Ali é uma área completamente preservada, sem nenhuma construção. A vegetação é a conhecida de mangue, com árvores baixas e raízes aéreas. Logo no começo da remada vi uma tartaruga nadando bem do meu lado. Atravessei até a outra margem, voltei, circulei por perto porque não tinha muito tempo. Peguei vento médio, de frente, de costas e de lado. Também senti a correnteza puxar nos pontos em que o rio estreitava. Foi bem divertido e saí com a sensação de que daria pra remar muito mais. Fiquei com vontade de conhecer outras partes também, mas não teve jeito. Vou ter que voltar pra remar mais.

Visual preservado na Crôa do Goré
DADOS DA TRAVESSIA DE SUP EM ARACAJU

Distância = 4 km

Duração = 40 minutos

Cidade = Aracaju, SE

Mapa da travessia de SUP em Aracaju
ALUGUEL DE PRANCHA DE STAND UP EM ARACAJU

SUP Amigos – na Orla do Pôr do Sol


Texto e fotos: Daniel Aratangy

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