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Travessia no Saco do Mamanguá

Saco do Mamanguá, perto de Paraty, no litoral sul fluminense
O Saco do Mamanguá parece ter sido feito para andar de Stand Up Paddle. É uma enseada estreita e comprida, sem ondas e cercada por natureza selvagem. Lembra muito um fiorde (formação típica dos países Nórdicos), mas como não foi causada por erosão glacial, a profundidade da água é muito menor. A área toda é pouquíssimo habitada. Primeiro porque é muito difícil chegar lá: só de trilha íngreme e comprida, ou de barco. Depois porque faz parte da Área de Proteção Ambiental Cairuçu, criada pelo governo federal em 1983, com a intenção de preservar paisagens, fauna, flora e comunidades tradicionais que só existem lá.
Parati-Mirim e a igreja colonial

 

De fato, no caminho passei por algumas comunidades quilombolas e por uma aldeia indígena Guarani. Logo que saí da Rio-Santos e entrei na estrada de terra que leva à Parati-Mirim, um índio me pediu carona. Disse que se chama Caiuá e logo percebi que estava muito bêbado. Nos 8 km de viagem, me pediu para ligar o som umas cinco vezes, enquanto contava sua história, desde o nascimento em Foz do Iguaçu até a chegada no Cairuçu. A estrada é cheia de buracos e pedras soltas. Logo no começo tem uma bifurcação sem nenhuma placa. Caiuá indicou para virar à direita. Fomos margeando um rio muito bonito até chegar na pequena vila.
Prancha de SUP e o Pico do Pão de Açúcar – as mamas do Mamanguá

 

Me despedi dele, achei uma sombra para deixar o carro e parti bem em frente à Igreja da época colonial, entre barcos de pescadores. No começo não havia vento nem ondas. Eventualmente algum barco me ultrapassava fazendo pequenas ondulações que me impulsionavam para frente. Logo que virei a ponta, entrando na enseada do Saco do Mamanguá o vento aumentou um pouco de intensidade, a meu favor.
Pequena praia no caminho
De longe avistei o Pico do Pão de Açúcar que, com 400 metros de altitude, é onipresente na paisagem. Tem formato que lembra duas mamas, por isso o nome do Saco do Mamanguá. Fui margeando o lado sul passando por casas de pescadores e algumas poucas pousadas sofisticadas. Cada praia que passava era mais bonita que a outra. Pedras imensas emergiam do mar com bromélias no topo. Assim foi até chegar perto do mangue. Lá o vento ficou muito forte e mudou de direção. Como o passeio estava gostoso demais, não quis lutar contra ele. Fiz meia volta e segui para a margem leste aproveitando a força do vento.
Pedras e bromélias – parte do cenário no Mamanguá
Pausa no Stand Up para descanso

 

Rapidinho cheguei na Praia do Cruzeiro. Achei um restaurante caseiro com um prato de peixe Corvina delicioso. Conversei com locais e turistas. Todos muito simpáticos, me contaram da trilha que leva ao pico do Pão de Açúcar. Duas turistas tinham acabado de descer e estavam muito cansadas, mas falaram que era o lugar mais bonito do mundo.
Barco e o Pico do Pão de Açúcar (Pico do Mamanguá)
Caiaque e SUP na Praia do Cruzeiro
Praia do Cruzeiro no Saco do Mamanguá

 

Não pensei duas vezes. Pedi para o pessoal do restaurante dar uma olhada na prancha e subi a trilha. Estava com medo de perder muito tempo e ter que voltar remando à noite, então acelerei e fiz a trilha em exatos 40 minutos. A vista é realmente sensacional. Linda, linda, linda. De cima da pedra dá para ver toda extensão do Saco, as montanhas da Serra do Mar, pássaros voando alto e barcos parecendo minúsculos cortando a água da enseada. Até a casa que serviu de cenário para o filme Amanhecer, da saga Crepúsculo, está logo ali embaixo. Olhando para frente vi nuvens carregadas se aproximando. Resolvi descer a trilha em seguida.
Vista do Pico do Pão de Açúcar (Pico do Mamanguá)
A casa cenário do filme da saga Crepúsculo, vista de cima do Pico do Mamanguá

 

Quando cheguei na praia as condições climáticas tinham mudado drasticamente. O vento ficou mais forte e contrário. Remei perto da margem até a boca do Saco do Mamanguá. Ali começou a chover forte e o vento se intensificou mais. Atravessar a entrada da baía foi muito difícil. Usei toda minha força e parecia não sair do lugar, mas aos poucos percebi que a terra ficava mais próxima. Ver a igrejinha de Parati-Mirim entre nuvens foi um grande alívio.
Guardei a prancha e subi no carro. Na viagem de volta pensava sem parar que esse tinha sido o melhor passeio de SUP da história!
Trajeto de Stand Up Paddle no Saco do Mamanguá, em Paraty

 

Distância = 21 km de remada mais alguns quilômetros de trilha
Duração = 4 hora e 30 minutos de remada mais 1 hora de caminhada
Vento = forte, a favor até o almoço, depois contra
Ondas = fracas, a favor até o almoço, depois contra
Cidade = Saco do Mamanguá, Paraty, Rio de Janeiro
Texto e fotos: Daniel Pluk

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