Remada de Stand Up entre as praias mais famosas e as mais desconhecidas de Ubatuba
Já reparou que quem vai para as praias de São Sebastião nunca fala que foi para a cidade? Sempre dizem ter ido para Maresias, ou Camburí, ou Barra do Sahy, ou qualquer outra praia do município. Agora, quem vai para Ubatuba, sempre diz que foi para Ubatuba e não a praia específica onde ficou. Acho que a única exceção é quem vai para Itamambuca, que acaba mencionando a praia, em vez da cidade. E sempre me perguntei qual seria a razão disso. Depois de visitar Itamambuca mais uma vez, acho que cheguei a uma conclusão. Itamambuca, assim com as praias de São Sebastião, é um universo à parte. Tem toda uma vida, um comércio, pousadas, padarias e restaurantes que a deixam completa. Quem vai para Itamambuca acaba saindo menos de lá e nem conhece as praias em volta.
Isso ficou ainda mais evidente quando fiz minha última travessia e conheci a Praia Brava da Itamambuca. É uma praia linda, preservada, intocada e que quase ninguém conhece. Embora esteja bem ao lado de uma das praias mais famosas de Ubatuba, muita gente nem sabe que ela existe.
Apesar de ter chegado remando, sei que há uma trilha que leva até ela. Talvez a trilha seja difícil, íngreme e fechada. Pelo mar também não é fácil de chegar. As ondas ali quebram fortes e a chance de tomar o caldo é grande. Mas, ainda assim, como um paraíso desses ficou tão desconhecido? O bom é que esse isolamento a deixou super preservada. No dia que estive na Brava da Itamambuca não vi um único pedaço de plástico jogado no chão, nem um lixo, tudo limpo, perfeito.
Começo da Travessia de SUP na Praia Vermelha do Norte
A remada começou em outra praia famosa pelas ondas, a Vermelha do Norte, onde já rolaram muitos campeonatos de surfe. A praia é bem bonita e praticamente não tem construções. No canto direito tem dois ou três quiosques e depois mais nada, só no cantinho esquerdo que tem mais umas três casas. Uma curiosidade é a presença de jacarés no lago que fica do outro lado da estrada. Nunca houve relato de ataques, mas não é recomendado nadar nem remar lá.
Parei o carro na no último quiosque, bem no começo da praia, no canto direto. Ali é o único ponto em que as ondas dão uma acalmada, ainda mais no inverno, e fica mais fácil de entrar no mar. Arrumei tudo, prendi bem a sacola impermeável nos elásticos e comecei a remar. Percorri toda a Praia Vermelha do Norte. Reparei num parcel que fica bem no meio da praia e que nunca tinha visto antes. Vi as casinhas do canto esquerdo e segui adiante.
Praia do Alto
Passando as pedras, cheguei numa das poucas praias que ainda não conhecia de Ubatuba: a Praia do Alto. É uma praia de tamanho médio (para os padrões do município) que só tem acesso pelo mar ou por trilha. A trilha é bem curta e fácil e, por isso, nos finais de semana costuma ficar mais cheia. Fui numa segunda-feira e encontrei apenas um quiosque aberto (dos quatro que tem lá) e duas turistas fazendo yoga, lendo e tomando sol. Também tinha uma criança, provavelmente o filho da dona do quiosque, que brincava sozinho, correndo na praia e pulando de pedra em pedra.
Voltei para a água, seguindo o contorno da costa. O mar balançava bastante, batendo nas pedras e voltando, mas tava com minha prancha que desenvolve bem até nessas condições e não tive dificuldades. Até arrisquei um pouco. Resolvi passar entre a costa e uma pequena ilha, desviando de pedras e me segurando no sacolejo das ondas, sem problemas.
Praia de Itamambuca
Passando a ilha, já estava de frente para a Praia de Itamambuca. Me aproximei o máximo possível da areia, ficando no limite antes da quebra das ondas. Elas estavam gigantes e era divertido subir e descer aquelas montanhas de água que chegavam do meu lado direito. Aglomerados em toda extensão da praia, os surfistas mandavam manobras que eu assistia de perto e de trás. Algumas ondas maiores me pegaram distraído e por pouco não fui levado por elas. Consegui, em todas as ocasiões, remar forte para o mar aberto e passar a crista da onda no instante final.
Itamambuca é uma das maiores praias de Ubatuba, mas nem senti a distância. Remar ali foi um enorme prazer. Continuei pela costa até a Praia Brava de Itamambuca. Depois de ver aquelas ondas todas, o nome da praia me assustou um pouco. Achei que seria difícil de desembarcar e impossível de voltar para a água. Mas fui feliz nas minhas leituras do mar e achei os momentos entre séries das ondas para fazer a chegada e a saída.
Praia Brava da Itamambuca
A Praia Brava da Itamambuca é incrível. Tem uma dramaticidade cênica trazida pela força do mar e pelas pedras grandes espalhadas na areia. O morro atrás também tem o seu papel. Ele é bem íngreme, colado na praia e com a Mata Atlântica totalmente preservada. Por causa dele, o sol bate na areia apenas no período da manhã. Cheguei no começo da tarde, quando os últimos raios iluminavam pequenos pedaços da praia, como pinceladas mais claras num quadro a óleo.
Sentado na areia, acompanhei o ir e vir das ondas e o sol se escondendo, cada vez mais, atrás do morro. Aproveitei para comer o lanche que tinha preparado e me hidratar. Estava curtindo demais aquele momento, mas resolvi subir na prancha de stand up e começar a volta para a Praia Vermelha do Norte. Segui um caminho diferente, mais reto e distante da costa. Cheguei rapidinho, já pensando nas próximas travessias.
DADOS DA TRAVESSIA DE SUP EM UBATUBA
Distância = 15 km
Tempo = 2 horas e 30 minutos
*esse é apenas o tempo de remada
Texto e fotos: Daniel Aratangy
Incrível! Como somos menos experientes vamos começar apenas pela praia Vermelha do Norte até a Praia do Alto!
Ótimo! Vão adorar 🙂
Parabéns Daniel, tenho 45 anos e meu sonho é viver como vc está vivendo. Sou apaixonado pelo SUP. Trabalhando pra conseguir ter estas experiências como rotina na minha vida.
Ah, que beleza! Obrigado pela mensagem. Também queria viver como parece que vivo aqui no site, hahah. A verdade é que remo bem menos do que gostaria. Um dia a gente chega lá!!!
Abraço e boas remadas!