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Vista Japonesa

Travessia de SUP e trilha na Ilha Grande – RJ

Vista da Pedra do Mirante do Bananal, na Ilha Grande -RJ

No começo do século XX, uma comunidade japonesa se instalou na então remota Praia do Bananal, na Ilha Grande (RJ). Construíram galpões enormes para o processamento da Sardinha e, por muitas décadas, viveram praticamente isolados, mantendo a língua natal, assim como os costumes e a culinária.
A pesca entrou em declínio na região. Os japoneses se misturaram com os locais. Aos poucos a ilha foi sendo descoberta por turistas. Assim, os galpões se transformaram em pousadas e os japoneses pegaram a cor e o jeito caiçara de viver.
Hoje a praia tem uma das maiores infraestruturas de toda Ilha Grande. Fiquei impressionado com a quantidade de construções, quando me aproximava remando. Nada com mais de dois andares, claro. Mas é que a Ilha tem tantas praias desertas, que qualquer coisinha chama a atenção.

Barco com nome japonês na Praia do Bananal
Saí da Praia Pequena da Freguesia de Santana. Remei sem muito esforço até a Praia do Bananal. Estava lá para subir a trilha do Mirante do Bananal, uma rocha grande a 400 metros de altitude.
Ao desembarcar ouvi música em altíssimo volume vindo de um iate a motor ali parado. Achei de extrema falta de educação, mas fazer o que? Fui perguntar onde começava a trilha e reparei que tanto turistas quanto caiçaras eram, na grande maioria, descendentes de japoneses. Um deles, dono de uma das pousadas, me indicou o caminho e guardou meu remo até que eu voltasse.

Ponta do Bananal na Ilha Grande – RJ

O começo é como uma teia: várias trilhas que levam às casas morro acima. Tive que perguntar para umas duas pessoas até ultrapassar o povoado e encontrar a trilha final. O trajeto é muito íngreme, com mata densa. A subida é cansativa. Mas é tudo muito bonito e a trilha está bem aberta.

Primeiro passei por pés de jaca. Depois vi muitos pássaros coloridos, de todos os tamanhos. Vi lagartões correndo, fugindo de mim, esquilos com sementes na boca e um movimento na mata que poderia ser uma cotia, sagui ou preá. No finalzinho a trilha fica mais plana, com alguns pés de banana. O trajeto me lembrou muito a trilha que fiz no Saco do Mamanguá (pode ser visto aqui). Foram os mesmos 40 minutos de caminhada até chegar na pedra. E a vista é alucinante, espetacular. Vale todo o esforço.
Vista para frente com pequena ilhas e o continente
Sentei na sombra, cercado por bromélias pré-históricas, de tão grandes. Enquanto bebia água, vi a pedra em primeiro plano com cactos nas encostas, a floresta fechada, as praias próximas, as ilhas distantes e o continente com montanhas altas recortando o céu. A água do mar era tão transparente que dava para ver as pedras submersas lá de cima. Até as sombras dos barcos na areia profunda eram nítidas. Para baixo, além da Praia do Bananal, as praias Bananal Pequeno e Baleia se destacavam. Pareciam cenário de filme. Para trás dava para ver a cidade e os navios petroleiros que abastecem as instalações da Petrobrás no continente.
Vista para trás com os navios petroleiros e o continente
No começo não identifiquei, mas tinha alguma coisa me incomodando. Um barulho. Foi então que olhei para baixo e vi aquela lancha ancorada. Por incrível que pareça, estava escutando a música deles lá de cima da pedra.
Praia Pequena do Bananal e Praia da Baleia vistas de cima do Mirante do Bananal
 Tirei algumas fotos da paisagem e desci em 28 minutos. Peguei meu remo na pousada e carreguei a prancha até a água. Voltei remando devagar, pensado em fazer todas as trilhas da Ilha Grande. Quem sabe um dia…
Barcos ancorados na Praia do Bananal

Distância = 8 km de remada e 4 km de trilha

Duração = 3 horas
Vento = ida sem vento, volta com vento fraco contra
Ondas = sem ondas
Cidade = Ilha Grande (Angra dos Reis) – Rio de Janeiro
Trajeto de Stand Up Paddle (SUP) para Paria do Bananal, na Ilha Grande – RJ
Texto e fotos: Daniel Pluk

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