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Náufrago em Noronha

Travessia de Stand Up Paddle em Fernando de Noronha
 
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Piscina natural na Praia do Americano, Fernando de Noronha – PE

 

Fui para Noronha a trabalho no começo do ano, bem na época das ondas grandes. Todos os top surfistas do Brasil estavam lá. Os campeões mundiais Mineirinho e Gabriel Medina entre eles. E, por causa dos meus compromissos, tive a honra de conhecer os caras. Foi demais! Eles me contaram quais eram os picos mais legais e tudo que devia conhecer.
 
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Praia do Boldró, em Fernando de Noronha – PE
Como tinha apenas dois dias por lá, tinha feito uma boa pesquisa sobre o arquipélago. Decorei o mapa e defini o trajeto que queria fazer. Tinha lido num blog que o Stand Up não é permitido em algumas áreas da ilha. Tentei descobrir quais eram os limites mas, mesmo depois de falar com os administradores do Parque Nacional, não ficou claro. Acabei concluindo que só poderia remar na área fora do Parque Nacional de Fernando de Noronha (veja no mapa), que é o menor pedaço da ilha, mas o que tem mais praias.
 
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A ilha de Fernando de Noronha vista do avião, com as praias do Leão, Sueste e Atalaia
Inflei a prancha que tinha levado e fui dar uma volta de buggy. As ondas realmente estavam gigantes e tubulares, perfeitas para o surf. Mas para quem gosta de travessia isso era um problema. Em todas as praias que encostava, percebia que passar a rebentação seria uma tarefa muito difícil (e até vergonhosa, com tantos surfistas de ponta ali, rs). Acabei mudando o trajeto que tinha planejado para partir do porto, o único local abrigado o suficiente para conter as ondas.
 
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Prancha de SUP e os morros Dois Irmãs em Noronha
De lá remei em direção às outras ilhas do arquipélago, sem me estender muito para não entrar na área do Parque. Vi algumas arraias e tartarugas. Segui para o outro lado, sempre com os morros Dois Irmãos na minha frente. As ondas vinham grandes e gordas, principalmente de lado. Tive que manter uma certa distância da costa para não pegar a quebra das ondulações.
 
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Tempo de sol e chuva em Fernando de Noronha
Quando cheguei na Cacimba do Padre, Medina e Felipe Toledo estavam dando aéreos incríveis para alegria dos turista na praia. Passei por trás deles e dei a volta nos Dois Irmãos. Foi a realização de um sonho. O cenário era tão espetacular que resolvi continuar um pouco, entrando no Parque Nacional. Fui até a Praia do Sancho (melhor praia do mundo segundo o Traveller’s Choice Awards) e descansei um pouco na água ao lado de dois barcos de passeios turísticos, os único em todo o percurso.
 
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Fernando de Noronha, Pernambuco – Brasil
Voltei com vento contra, mas fraco, tranquilo. De longe vi uma nuvem negra se aproximando e percebi que era hora de aumentar o ritmo da remada. O vento foi ficando cada vez mais forte e começou a chover. Na altura do morro do pico, eu remava com bastante força e bem rápido, mas praticamente não saia do lugar. Analisei minhas alternativas. Ia até o final assim (seria muito cansativo, mas acho que conseguiria) ou enfrentava a quebra das ondas indo em direção à praia mais próxima e tentaria conseguir uma carona, todo molhado, para pegar o buggy estacionado no porto. Nenhuma me atraiu muito.
 
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O tempo fechou durante a travessia
Foi então que vi os dois barcos voltando do Sancho. Desviei minha rota para cruzar com eles e pedi carona. O primeiro, chamado Na Onda 1, simplesmente me ignorou. Um absurdo total! Como assim? Se eu tivesse numa emergência séria ele teria me deixado à própria sorte. Já o segundo, o barco Alquimista (do capitão Val), não só parou e me ajudou a subir a prancha, como fez a maior festa. Os turistas já tinham tomado algumas cervejas e logo me apelidaram de Wilson, numa referência ao filme Náufrago do Tom Hanks. Tiraram muitas selfies comigo e gritavam sem parar “salvamos o Wilson, salvamos o Wilson!!!”. Foi bem engraçado.
 
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A prancha no barco Alquimista
 
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Os turistas que me “salvaram”
Distância = 13 km
Duração = 2 horas e 30 minutos
Vento = ida – vento fraco a favor; volta – vento contra (no começo fraco e no final muito forte)
Ondas = ida – grandes laterais/a favor; volta – grandes laterais/contra
Cidade = Fernando de Noronha – PE
 
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Mapa da travessia de Stand Up em Fernando de Noronha
 
Texto e fotos: Daniel Pluk
 
 

2 Responses

  1. Aventura massa! Gostaria de saber qual seu sup inflável. Tenho um acqua marina spk1 e não estou conseguindo remar confortável. Não sei se preciso de mais treino ou as dimensões dele que não são apropriadas para o mar. Ele tem 10cm espessura, 75cm largura e 300cm comprimento. 12 psi de pressão. Quais as dimensões do seu? Um abraço!

    1. Fala, Anderson!
      Tenho uma prancha Brazzos de 12’6″de comprimento, 28″de largura e 6″de espessura. As medidas estão em pés, que é o mais usual para pranchas mesmo.
      Qualquer dúvida, pode falar!

      Abraço e boas remadas!

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