mar travessia

Piauí – Ceará de Stand Up Paddle


Bate e volta, saindo de Barra Grande
Sombra sempre fresca em Barra Grande do Piauí

Barra Grande e Kitesurf estão ligados como queijo e goiabada, carnaval e serpentina, amor e beijo. Não dá pra falar de Barra Grande sem falar desse esporte. E percebi isso logo, antes mesmo de sair do aeroporto, em Campinas. Na fila de embarque o papo era só kite. “Qual tamanho de pipa você trouxe?”, “amanhã vai dar 25 nós de vento, você viu?”, “vamos armar aquele downwind, hem”. E por aí a conversa ia.

Pipa de Kitesurf em Barra Grande
Caminho para Barra Grande do Piauí

Depois de três horas e meia de voo até Parnaíba e mais uma hora e meia de carro compartilhado, cheguei na pousada, em Barra Grande, já me achando um expert em Kitesurf. Deixei as malas no quarto e fui direto pra praia. Muitas pipas coloridas riscavam o céu, em todas as direções que olhava. Bonito de ver. O vento era forte e constante. Perfeito para o kite.

Mar quente e vento forte, assim é o litoral do Piauí
Bom pro Kite, Ruim pro SUP

Só que o que é bom pro kite não costuma ser bom pro SUP. Com aquele vento todo, o Stand Up Paddle não faz muito sucesso em Barra Grande. Ao contrário do resto do país, ali é difícil achar alguém que alugue pranchas de SUP e ainda mais difícil achar quem queira remar. Eu, claro, era uma exceção. Não só queria remar, como tinha levado minha própria prancha inflável. Só precisava de um plano.

Vista aérea da vila de Barra Grande, em Cajueiro da Praia, Piuaí
Plano de Ação

A primeira estratégia que pensei era remar a favor do vento e conseguir um resgate de carro, jegue ou barco para voltar. Ou ir de carro, jegue ou barco na direção do vento e voltar até Barra Grande com o vento a favor. Porém, depois da primeira noite lá, percebi que as manhãs tinham vento um pouco mais fraco. Talvez desse pra remar com ele contra, desde que saísse cedo.

É bem raro, mas eventualmente turistas dão suas remadas em Barra Grande
Aulas de Kitesurf em Barra Grande

De qualquer maneira, já que estava no point dos sonhos de todo kitesurfista, resolvi fazer algumas aulas e tirei os primeiros dias para isso. O começo é fora da água, alguns exercícios com uma pipa pequena, só para entender o mecanismo. Depois vamos para a pipa de verdade e aí já dá pra sentir a intensidade e os perigos desse esporte. Basta um movimento errado para ser impulsionado ao céu e sair quicando pela praia. Fora as cordas todas que podem enrolar no seu corpo (ou pior, no de algum banhista) e enforcar. Por isso, os instrutores insistem bastante nas medidas de segurança e ações de emergência, como ejeção, auto resgate, etc.

Praia de Barra Grande com seus telhados de palha
Acidente besta

Apesar dos perigos do kite, acabei me machucando da maneira mais besta, andando pela pousada. Chutei uma madeira solta no chão que arrancou uma parte da sola do meu pé. Sangrou bastante e passei mancando o resto dos dias em Barra Grande. Acabei interrompendo as aulas e tive que me conformar com uma viagem mais sedentária, curtindo a infraestrutura da pousada e os bares e restaurantes da vila. Também não dá pra reclamar, rs.

Logo chegou a notícia que teríamos um dia sem vento. Turistas e moradores estavam inconsoláveis. Só eu me animei. Era minha chance, pensei. Mesmo com o pé ruim, resolvi tentar ir remando até o estado do Ceará e voltar. Não tava longe.

Dia sem Vento

No dia previsto o céu ficou nublado e o vento diminuiu. Tava fraco para os padrões do Piauí, mas ainda forte para quem tá acostumado a remar de SUP nas águas abrigadas de Ubatuba. Como não aguentava mais ficar parado, fui mesmo assim. No começo acompanhado pela minha amiga Ana, uma experiente kitesurfista. Fomos até a Barrinha (uma vila ainda menor que Barra Grande, mais a leste), onde encontramos outra turma de amigos. Lá, minha amiga abandonou a travessia e um amigo pegou seu lugar, seguindo mais um pedaço comigo. O vento foi ficando cada vez mais intenso e ele também acabou desistindo.

Praia da Barrinha, uma das vilas perto de Barra Grande

Continuei mais alguns quilómetros com dificuldade até o Rio Timonha, que faz a divisa entre os estados do Piauí e do Ceará. Passei por alguns pescadores puxando redes e pela cidade de Cajueiro da Praia (da qual Barra Grande é distrito). Meu pé cortado estava doendo e aproveitei o vento a favor da volta para dar uma acelerada. Parei na Barrinha para encontrar os amigos. Comemos por lá e logo escureceu. Deixei a prancha ali. Os últimos cinco quilómetros fiz no dia seguinte, com vento bem forte e a favor. Mal precisei remar. O vento me impulsionava com tanta força que usei o remo apenas como leme.

Aproveitando o dia com pouco vento para remar de SUP no Piauí

No fim, não terminei o curso de kitesurf, mas consegui fazer uma bela remada por lá. Fico com a vontade de voltar um dia para aprender a velejar com a pipa e também experimentar outras remadas na região. Até breve, Barra Grande!

Mapa da travessia de SUP do Piauí ao Ceará
DADOS DA TRAVESSIA DE SUP NO PIAUÍ

Distância = 18 km no primeiro dia e 5 km no segundo

Tempo = 3 horas e 30 minutos de remada no primeiro dia e 40 minutos no segundo

Cidade = Barra Grande, Cajueiro da Praia, Piauí

ALUGUEL DE PRANCHA DE STAND UP EM BARRA GRANDE, PIAUÍ

Procurar o morador chamado Barra Grande (mesmo nome da vila)

COMO CHEGAR EM BARRA GRANDE DO PIAUÍ

O aeroporto mais próximo de Barra Grande fica na cidade de Parnaíba, mas apenas a Azul opera voos até lá.

Também há as possibilidades de pousar em Jericoacoara (CE) ou em Teresina.

Tempo de carro para Barra Grande, saindo de:

Parnaíba – 1h30m

Jericoacoara – 3h30m

Teresina – 6h

Texto e fotos: Daniel Aratangy

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *