Rio de Moitas
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Ceará de Água Doce


Com ventos fortes nas praias, os rios e lagos do Ceará são mais favoráveis ao SUP
Lagoa Icaraí de Amontada
Preparando para sair na Lagoa de Flecheiras, em Icaraí de Amontada – CE

Dizem os kitesurfistas que a “temporada do vento” no Ceará começa em agosto e vai até janeiro. E, de fato, é nessa época que o céu fica cheio de pipas coloridas, com gente de todos os cantos do Brasil e do mundo. Já na “temporada de pouco vento” acontece o contrário: poucos turistas, pousadas e restaurantes vazios. Mas o que os velejadores chamam de “pouco vento” ainda é bastante para quem se equilibra em pé numa prancha de Stand Up.

Dunas, mangue e eólicas no passeio de SUP em Icaraí de Amontada

Em outubro do ano passado, remei em Jericoacoara, onde bati meu recorde de distância num único dia. Mesmo com o vento meio a favor, meio lateral, sofri com a força dele me jogando contra a praia. O vento também levantava ondas que batiam na lateral da prancha, deixando a travessia ainda mais dura.

Dessa vez, fui para Icaraí da Amontada em março, portanto fora da temporada de kite, na esperança de fazer algumas remadas no mar. Mas logo percebi que o vento ainda era intenso demais para trajetos de ida e volta. Para quem tá acostumado com as águas abrigadas de Ubatuba, como eu, o vento fraco do Ceará já é forte o suficiente. Ou você rema a favor do vento ou não sai do lugar. Ou melhor, sai sim, para trás.

SUP river
Explorando os igarapés pelo caminho

Ainda bem que Icaraí tem pontos turísticos além da praia, mais abrigados e igualmente bonitos. Um dos mais interessantes é o Rio Aracatiaçu, com águas calmas que atravessam o mangue, contornam dunas e criadouros de camarão. Foi lá que fiz a primeira remada desta viagem.

Estava com minha namorada e um amigo e subimos juntos o rio, num pequeno barco a motor, até o ponto que tinha escolhido no mapa. Era um lugar meio aleatório, mas que daria uma remada de aproximadamente 10 km até o local onde tínhamos estacionado o carro. Eles me deixaram ali e desceram o rio no barco até um pequeno restaurante construído sobre palafitas, onde os encontraria mais tarde.

Itiwit Brasil
Restaurante de palafitas, no rio Aracatiaçu, no Ceará, com minha prancha inflável Itiwit

Logo que se afastaram, percebi a diferença de estar ali sem o barulho do motor. Senti uma calma maravilhosa. Comecei remando bem devagar, observando com atenção as raízes aéreas das plantas, os caranguejos vermelhos entrando e saindo de buracos na lama, aves de grande envergadura em voos rasantes e um pescador laçando sua rede.

Rede de pesca
Pescador nas águas calmas do rio

No ziguezague do rio, as vezes pegava vento contra e outras vezes a favor. Nada muito forte. Dava pra ver as árvores mais altas balançando, mas o vento não chegava com força até mim. Foi um percurso bem tranquilo e, quando vi, já tinha chegado nas dunas. Dali para o restaurante de palafitas, foi muito rápido.

SUP rio
O ziguezague do Rio Aracatiaçu

A mesa era literalmente em cima do rio. Com vista para o poente, tomei alguns sucos de frutas regionais e almoçamos um peixe delicioso, servido com arroz, feijão e farofa. Também aproveitei para nadar no rio, sem pressa, me refrescando do intenso calor Cearense.

Restaurante Ilha das Ostras
Vista da mesa no restaurante da Ilha das Ostras

Saí do restaurante acompanhado da namorada, que foi sentada na proa da prancha. O sol já estava baixo, mas ainda conseguimos pegar alguns desvios, explorando os estreitos igarapés. Em alguns pontos a mata era tão fechada que formava um lindo túnel verde. Daqueles cenários que ficam para sempre na memória.

Acompanhado na segunda parte da remada

Chegamos no estacionamento junto com os últimos raios de sol.

Afluente do rio Aracatiaçu: um dos igarapés que nos aventuramos
Remada na Lagoa de Flecheiras

A segunda remada da viagem foi na Lagoa de Flecheiras. Lugar lindo e talvez mais especial do que o Rio Aracatiaçu. Não que um seja melhor que o outro, mas a paisagem do rio me é mais familiar. Já a lagoa tem um visual mais exótico, pelo menos para mim.

Lagoa de Flecheiras vista do espaço

A água transparente e esverdeada no raso e azul escuro onde não dá pé. As plantas flutuantes. A planície em volta que faz o horizonte parecer mais longe. As carnaúbas (palmeira típica do Ceará). As eólicas. Tudo tão diferente dos lugares em que já remei que não tive como não amar.

Lagoa em Icaraí de Amontada
Remando o perímetro da lagoa nde SUP

Saí de um dos restaurantes em suas margens e remei todo o perímetro da lagoa no meu SUP inflável. Acabei não levando nada para medir a distância, mas chutaria algo em torno 3 km. Peguei vento bem forte em alguns pontos, mas como a remada foi curta, deu pra enfrentá-lo sem grandes dificuldades.

Lagoa de Flecheiras
Água transparente na lagoa

No final, nem senti falta de remar no mar. Só fiquei com vontade de conhecer mais o interior do Ceará e, quem sabe, achar outros lugares especiais como esses para remar de stand up.

Mapa da primeira travessia, no Rio Aracatiaçu

DADOS DA TRAVESSIA DE SUP NO CEARÁ

Distância = 11 km

Tempo = 2 horas

*esse é apenas o tempo de remada

Cidade = Icaraí de Amontada, CE

Texto e fotos: Daniel Aratangy

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