Remar sozinho de Stand Up é muito bom, mas remar em grupo é ainda melhor.
Criei este site em 2013 (e posteriormente a conta no Instagram) porque procurava informações sobre remadas na internet e não achava nada. Queria saber dos trajetos longos que outras pessoas tinham feito, como estava o vento no dia, qual era o melhor ponto pra entrar na água, dificuldades do caminho, dicas para iniciantes e tudo mais. Então comecei a fazer as remadas no “escuro” e a compartilhar as informações e fotos aqui.
Da mesma forma aconteceu com a criação dos Grupos de Remada. Comecei pensando também numa demanda pessoal. Queria remar com mais pessoas, juntar uma turma que gosta das mesmas coisas, que também enxerga o esporte como uma oportunidade para ter contato com a natureza e conhecer lugares selvagens e bem preservados. Mas quando procurei eventos assim, só encontrei provas de velocidade.
Primeiro Grupo
Despretensiosamente, criei o primeiro grupo e, para minha surpresa, a procura foi imensa. Em poucos dias, uma quantidade incrível de remadores se inscreveu. Fiquei muito feliz, mas preocupado também. Será que o trajeto que planejei seria muito pesado para o grupo? Ou tranquilo demais? E se alguém ficasse para trás? Será que todos cuidariam bem do seu lixo? Ou o evento seria um desastre para a natureza? E o vento e as ondas? Imagine se entrasse um tempo ruim bem na data da remada…
Esse último questionamento foi exatamente o que ocorreu. Uma semana antes da remada número 1, a previsão do vento para a data era terrível. Vento de 12 nós, com rajadas de 17 nós, condição extrema e raríssima nas águas abrigadas de Ubatuba. E agora?, pensei. Lembrei das pessoas de outros estados que confirmaram presença. Pessoas que alugaram casas, que reservaram pousadas. Que investiram dinheiro nesse passeio. Mas não havia outra coisa que pudesse fazer. Tive que cancelar o evento.
Anunciei a decisão no grupo de WhatsApp e no Instagram temendo a reação dos participantes. Incrivelmente, todos não apenas entenderam como também elogiaram bastante a decisão. Segurança em primeiro lugar, diziam.
Nova data para o grupo 1
A segunda data para o grupo de remada número 1 foi definida. Acho que por causa do cancelamento da anterior, a procura por essa foi muito menor. E ainda, na semana de remada, fez um tempo fechado em São Paulo, com chuva e frio todos os dias, inclusive no dia da remada.
Nessas condições achei que não apareceria ninguém para remar comigo, no máximo umas cinco pessoas. Quando cheguei no ponto de encontro, na Praia Dura, tinha realmente umas cinco pessoas. Mas, aos poucos, foram chegando mais e mais remadores, até que completamos o grupo em 27 pessoas.
Tinha gente de todas as idades. Homens, mulheres, idosos e crianças. Gente com bastante experiência e gente que nunca tinha remado no mar. As pranchas de stand up também variavam bastante. Pranchas race de alta performance, pranchas de surf, pranchas infláveis e até uma canoa OC1 e uma canoa caiçara.
Saímos com céu escuro, chuva fina e frio. Com o exercício da remada fomos nos aquecendo. Foi bonito ver o grupo todo na água. Alguns remavam mais forte e outros mais devagar, mas todos estavam atentos aos remadores menos experientes. Fizemos paradas para reagrupar, manter todos unidos. O espírito era de confraternização, exatamente como eu gostaria que fosse. Ninguém com pressa, ninguém competindo, todos curtindo o passeio juntos.
Paramos e descemos na Praia do Costa para descansar um pouco. Dali, avistamos pela primeira vez os golfinhos. Quando voltamos para a água, nosso trajeto cruzou com o deles e foi uma experiência maravilhosa. A maioria dos remadores nunca tinha visto golfinho no mar, ainda mais de cima de uma prancha de SUP. Todos curtiram muito e foram extremamente gentis na chegada, me agradecendo pela iniciativa e querendo já agendar as próximas.
Segundo Grupo de SUP
Marquei a segunda remada para uns dois meses depois da primeira. A procura, dessa vez, foi menor do que naquela que tive que desmarcar, mas maior de que a da data em que realmente fizemos. E isso se refletiu mesmo no número de participantes. Dessa vez foram 49 remadores.
Tivemos algumas presenças ilustres, como o Seu Nelson, super campeão das provas de Canoa Caiçara, com 71 anos, e a turma do “REMAR, LIMPAR, ENSINAR”, de Santa Catarina, que tem um projeto importantíssimo de preservação da natureza.
Com o grupo maior, não consegui dar atenção a cada um, como gostaria. Também foi mais difícil manter todos juntos. Mas fizemos algumas paradas, sem sair da prancha, para esperar os que remavam mais lentamente.
Saímos da Praia da Enseada, em Ubatuba, e fomos até a Ilha Anchieta. Trajeto maior do que o primeiro grupo. Com o sol forte, senti que para alguns o caminho foi puxado. Inclusive, uma ou outra pessoa me falaram que nunca teriam feito sozinhas esse percurso, mas que o fato de estarem remando em grupo as ajudou muito. Foi um desafio que estavam felizes e orgulhosos em superar. De qualquer forma, resolvi que as próximas remadas seriam de novo em trajetos um pouco menores, como o do primeiro grupo.
Queria aproveitar esse espaço para agradecer cada um dos participantes. Organizar esses eventos dá um certo trabalho, mas participar deles com vocês compensa todo o esforço. Sinto que o evento é de todos. Cada um cuida para que ele ocorra de maneira mais tranquila possível. Vejo como vocês ficam de olho nos remadores menos experientes, sempre atentos, dando palavras de incentivo e acompanhando lado a lado. Vejo também como cuidam dos lugares onde paramos, guardando seu lixo e limpando o que acham pelo caminho. Vejo a empolgação contagiante de vocês. Obrigado por tudo. Abraço e ate logo mais.
Foi sensacional o segundo encontro, tive o prazer de conhecer o Daniel e manter contato com algumas pessoas ! Com certeza essa iniciativa terá bons frutos e uma evolução natural. Ansioso para o próximo encontro no quintal de casa, mococa! Bela escolha e tenho certeza que será sensacional.